O
Transtorno Obsessivo-compulsivo (TOC) é um transtorno que manifesta sintomas
que as pessoas tipicamente chamam de manias. Há uma diferença entre obsessões e
compulsões.
A
obsessão pode ser detectada quando pensamentos intrusivos invadem sua mente e
você não consegue ter controle sobre eles, mesmo que não queira pensar nos
mesmos. Já a compulsão se refere a comportamentos que a pessoa utiliza para
tentar “afastar seus medos e perigos”, ou seja, são comportamentos que, na
maioria das vezes, são absolutamente sem sentido, mas a pessoa se sente
compelida a fazê-lo, como se fosse um ritual.
Apontarei
as obsessões e compulsões mais comuns, fique atento.
OBSESSÃO
E COMPULSÃO POR LIMPEZA
A
pessoa que possui obsessão por limpeza possui alguns “medos”, de que algumas
coisas se concretizem. O seu principal medo é “eu posso ser contaminado ou
contrair uma doença”. Por causa desse pensamento obsessivo, a pessoa começa a
manifestar compulsões como:
·
Lavar as mãos inúmeras vezes ao longo do dia;
·
Lavar imediatamente as roupas que tenham sido usadas fora de
casa (mesmo limpas);
·
Trocar de roupa muitas vezes;
·
Tomar banhos muito demorados;
·
Passar o guardanapo nos talheres do restaurante antes de se
servir;
·
Usar shampoo, sabonete, sabão, desinfetante ou detergente de
forma excessiva.
MEDO
DE FALHAR E NECESSIDADE DE VERIFICAÇÕES
A pessoa com TOC tem medo de
cometer falhas imperdoáveis. O pensamento obsessivo seria “eu preciso verificar
novamente, caso contrário, a conseqüência disso seria terrível e eu jamais me
perdoaria por ela, então vou verificar”. E, assim, a compulsão se manifesta em
verificações, que surgem pela necessidade de ter certeza de que a possibilidade
de dano foi reduzida ou eliminada. As mais comuns:
·
Verificar portas e janelas, antes de deitar ou sair de casa;
·
Verificar eletrodomésticos (ferro de passar, fogão, chapinha de
cabelos, gás, etc.);
·
Chegar se as torneiras estão fechadas, com necessidade de
apertá-las (às vezes de forma exagerada a ponto de quebrá-las) ou de passar a
mão por baixo para verificar se não está saindo água;
·
Acender e apagar novamente lâmpadas apagadas, ligar e desligar o
celular ou a TV mais de uma vez, com receio de que não tenham ficado
“desligados”;
·
Checar a bolsa ou a carteira, para certificar-se que não faltam
documentos, chaves, etc.
·
Verificar se atropelou ou não com carro alguém que passava na
calçada ou ao lado.
PENSAMENTOS
IMPRÓPRIOS, “MAUS PENSAMENTOS” OU “PENSAMENTOS RUINS”
É
quando a pessoa com TOC possui pensamentos impróprios, que incluem-se em
algumas categorias: pensamentos agressivos, cenas violentas invadindo a cabeça,
pensamentos de conteúdo sexual impróprio, pensamentos de conteúdo catastrófico.
A pessoa fica chocada com tais cenas, que são acompanhadas de grande aflição,
pois interpreta a presença destas como indicativo de risco de um dia vir a
praticá-las e tenta, sem sucesso, afastá-las da sua mente. Alguns exemplos:
·
Atirar o bebê pela janela;
·
Intoxicar o filho com venenos domésticos, como raticidas ou gás;
·
Empurrar alguém (um idoso ou uma criança) escadaria abaixo;
·
Dar um soco em uma pessoa ao cumprimentá-la;
·
Jogar o carro em cima de um pedestre;
·
Atropelar pessoas idosas;
·
Pensar em cenas repetitivas de sexo com “entidades espirituais”;
·
Fixar os olhos nos genitais de algumas pessoas;
·
Pensamentos mágicos e supersticiosos (ex: “se eu não rezar 5
vezes por dia, pode acontecer algo ruim com um membro da minha família).
COMPULSÕES
MENTAIS
Algumas
compulsões não são percebidas pelas demais pessoas, pois são realizadas
mentalmente, mas possuem a mesma finalidade: reduzir a aflição associada à um
pensamento. Exemplos:
·
Repetir certas palavras ou frases;
·
Relembrar cenas ou imagens;
·
Contar ou repetir números;
·
Fazer listas.
E
existem outras compulsões muito comuns como:
·
Compulsões por ordem, simetria, sequência ou alinhamento: quando
a pessoa perde muito tempo alinhando objetos no armário do banheiro, os livros
na estante, os pratos e talheres na mesa, e outros similares.qualquer objeto
fora do lugar provoca grande aflição no portador de TOC e desencadeia o impulso
de alinhá-lo.
·
Colecionismo: armazenar, poupar, guardar ou colecionar objetos
inúteis.
SITUAÇÕES
QUE PESSOAS COM TOC EVITAM
Pessoas
que possuem obsessões relacionadas com sujeira ou contaminação, ou mesmo medos
superticiosos exagerados, adotam com muita freqüência comportamentos evitativos
como forma de não desencadear suas obsessões e o medo associado à elas.
Exemplos:
·
Não tocar em maçanetas de portas, corrimãos de escadas ou de
ônibus; não tocar em portas, tampos de vasos, descargas ou torneiras de
banheiros;
·
Isolar móveis, locais ou espaços dentro de casa e impedir o
acesso de familiares quando estes chegam da rua;
·
Tirar sapatos, trocar de roupas, lavar as mãos ou tomar banho
sempre que chega da rua e obrigar os familiares a fazerem o mesmo;
·
Restringir o contato com sofás ou camas (cobri-los com lençóis,
não sentar com a roupa da rua ou com o pijama);
·
Não tocar em interruptores elétricos;
·
Não sentar em bancos de praça ou em meio de transporte coletivo;
·
Não sentar em salas de espera de clínicas e hospitais;
·
Não usar talheres, sabonetes ou toalhas usadas por outras
pessoas;
·
Não freqüentar piscinas coletivas e não tomar banho de mar.
O
diagnóstico do TOC deve ser feito por um profissional de saúde mental. Todos
nós podemos ter, em certo nível, algumas obsessões ou compulsões – e isso não
significa necessariamente a presença do transtorno. A síndrome se instala a
partir do momento que estas obsessões e compulsões causam um prejuízo
significativo na vida emocional, social, profissional e relacional da pessoa.
CUIDADO COM O AUTO-DIAGNÓSTICO.
Se
você desconfia ter TOC ou conhece alguém com estes sintomas, procure uma
Psicoterapia Cognitivo-comportamental, que tem se mostrado bastante eficaz no
tratamento do transtorno. De antemão, deixo três desafios básicos para quem é
portador de TOC:
1- ENFRENTE
AS COISAS QUE VOCÊ TEM MEDO SEMPRE QUE POSSÍVEL (COMO TOCAR EM ALGO)
2- SE
VOCÊ PERCEBER QUE ESTÁ EVITANDO ALGUM OBJETO OU SITUAÇÃO, ENFRENTE-O
3- SE
VOCÊ SENTIR NECESSIDADE DE FAZER ALGUM RITUAL PARA SENTIR-SE MELHOR, FAÇA
ESFORÇO PARA NÃO REALIZÁ-LO
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