“Doutora,
comi 1 pacote de bolachas, tomei 1 litro de refrigerante, 1 pote de sorvete, 1
barra de chocolate, 1 lata de doce de leite”. Sim, este é o relato de um
paciente que sofre com o Transtorno de Compulsão Alimentar. Este é um de muitos
depoimentos que escuto diariamente em consultório e estudos sobre o assunto. O
sofrimento é grande, pois a pessoa tem grande dificuldade de controlar seu
impulso de comer e, após a ingestão desta grande quantidade de comida, surge um
grande sentimento de culpa, além dos malefícios que estas compulsões podem gerar
na saúde.
Talvez você não chegue a sofrer do transtorno nesta magnitude, mas possui episódios de
compulsão alimentar que te trazem prejuízos.
Como
identificar?
Observe
se você se enquadra nestes critérios?
§ - Comer uma quantidade muito
acima do que a maioria das pessoas consumiria num espaço de tempo relativamente
curto (ex: 2 horas);
§ -Ter a sensação de falta de
controle durante um episódio de compulsão (não conseguir parar ou controlar o
que está comendo);
§ -Comer bem mais rápido que o
normal;
§ -Sentir repulsa por si mesmo,
depressão ou culpa depois de comer excessivamente.
Se
você se enquadra nestes critérios, fique atento. O ideal e que você procure
ajuda profissional, mas disporei algumas dicas para te ajudar!
Os
estudos e as experiências profissionais mostram claramente que situações de
ansiedade, medo, mudanças e emoções como tristeza, tédio e raiva podem
desencadear os episódios de comilanças. Você pode perceber uma relação destas
emoções com os momentos que você mais come sem estar com fome.
Mas
existe um perigo, CUIDADO: DIETAS MUITO RESTRITIVAS PODEM PIORAR O PROBLEMA.
Não pense que ficar longas horas sem comer ou simplesmente cortar radicalmente
seu cardápio irá resolver o seu problema. Se você ficar muito tempo sem comer,
as chances de que na próxima alimentação você coma compulsivamente são
altíssimas.
Não
vou me delongar muito falando das causas, mas já gostaria de falar sobre
algumas dicas.
Como
posso diminuir esta compulsão?
Procure
seguir estas 8 dicas que te ajudarão a ter controle sobre seu comportamento
alimentar:
1- Faça um auto-registro de sua
alimentação: faça uma tabela na qual, a cada refeição, você escreva os
alimentos ingeridos, quantidade de calorias, onde estava, sentimentos que tinha
(medo, ansiedade, tristeza). Ao anotar, você automaticamente passará a compreender
um pouco melhor seu comportamento alimentar e também a policiá-lo.
2- Faça um quadro (ou tabela) com figuras: de um lado do quadro, você coloca imagens de alimentos gordurosos e, do mesmo lado, uma pessoa com alto peso e também nomes de doenças que podem surgir decorrentes de má alimentação. Do outro lado do quadro, você coloca imagens de alimentos mais saudáveis e uma imagem de pessoa saudável. Fixe este quadro em sua geladeira, ou em seu quarto para que, vendo as imagens, você visualize as conseqüências no momento em que vai comer.
3- Siga RIGOROSAMENTE os horários de
alimentação: não deixe de comer sempre de 3 em e horas, mesmo se você não
estiver com fome. Isso fará com que você acelere seu metabolismo e coma em
porções menores, evitando episódios de compulsão alimentar.
4- Preste atenção em seus pensamentos: quando
sentir vontade de comer compulsivamente, preste atenção nas verbalizações que
está fazendo para você mesmo, mesmo que seja em pensamentos. Exemplos: “Tenho
mil coisas para fazer”, “Está tudo muito chato em minha vida”. Estes
pensamentos provocam ansiedade, tristeza, e isso faz com que você, sem
perceber, comece a compensar todos esses sentimentos negativos na comida na
tentativa de aliviá-los. Vá direto na causa dos problemas.
5- Não coma em frente à TV ou computador: comer
nestas situações é quase uma garantia de que você irá comer demais, pois você
não está concentrado no que está comendo nem prestando atenção no sabor do
alimento e na velocidade da mastigação. Na verdade, você está concentrado no
que você está vendo e o alimento está servindo apenas como mais um acessório do
seu prazer ou para descarregar sua ansiedade. Esta é uma grande armadilha.
6 6- Desacelere e coma devagar: você deve fazer
do momento de refeição um momento agradável para si mesmo e/ou um bom momento
em família (por isso também evitar comer em frente à TV) . Por isso, ao invés
de comer depressa (que é indicativo de ansiedade), coma mais devagar e desfrute
do sabor do alimento. Quando você come depressa, sua ansiedade é tamanha que
você nem percebe quando já está saciado, e acaba comendo bem mais do que o
necessário.
7 7- Não coma quando estiver entediado: é muito
comum, em momentos de tédio (principalmente quando se está em casa), as pessoas
comerem pelo fato de não ter o que fazer. Se você fizer isto, vai se ver “beliscando”
comidas o tempo todo. Você não come por fome, mas por tédio. Ocupe seu tempo
com outras atividades.
8 8- Pratique exercícios físicos: além de ser
essencial para a saúde e para o emagrecimento, o exercício físico reduz a
ansiedade. Ao invés de descontar ansiedade na comida, procure fazer um exercício
que te agrade.
Se você
tiver maiores dificuldades para controlar sua compulsão, procure ajuda
profissional. Nestes casos, para melhores resultados, o ideal é realizar um
tratamento médico, psicológico e nutricional em conjunto.
A terapia cognitivo-comportamental, com que trabalho, é a mais indicada terapia psicológica para casos de compulsão alimentar.
Espero ter te ajudado! Sucesso no seu desafio!
A terapia cognitivo-comportamental, com que trabalho, é a mais indicada terapia psicológica para casos de compulsão alimentar.
Espero ter te ajudado! Sucesso no seu desafio!
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