Muitas pessoas têm dificuldades
de emagrecer, ou emagrecem e depois engordam novamente. Iniciam dietas e não
persistem, ou fazem a dieta por um tempo e depois engordam. Grande parte dos
psicólogos, médicos e nutricionistas concordam que a maior barreira para estas
pessoas emagrecerem e permanecerem no peso ideal está na programação mental:
não sabem pensar como uma pessoa magra. As pessoas que travam uma luta com o
emagrecimento costumam ter um padrão de pensamento que sabota seus esforços. Se
você se identifica com pensamentos como: “sei que não deveria comer isto, mas
não me importo”, “se eu comer isto só desta vez não vai ter problema”, “estou
chateado, tenho que comer”, “tive um dia tão difícil, mereço comer o que eu
quiser”, ou outros nesse sentido, é bem provável que sua programação mental não
seja de uma pessoa magra. O emagrecimento eficaz e duradouro não depende apenas
de seguir uma dieta e fazer exercícios físicos, mas em mudar sua maneira de
pensar. A psicóloga americana Judith Beck desenvolveu o programa PENSE MAGRO,
que consiste em um conjunto de estratégias psicológicas para ajudar a pessoa a
resistir ao impulso de comer exageradamente e reprogramar sua mente para lidar
com pensamentos sabotadores.
Dentro do conteúdo do programa
“Pense Magro”, quero trazer para você neste texto algumas estratégias desenvolvidas por Beck para você diferenciar a
fome física da “fome emocional”, e como resistir à vontade e ao desejo
incontrolável de comer.
A diferença básica é:
Vontade de comer: não é fome
propriamente dita, mas a idéia de comer porque há comida por perto ou para
tentar diminuir a sensação de ansiedade ou tédio.
Desejo incontrolável de comer:
uma urgência emocional e fisiológica intensa de comer. Comumente vem o desejo
de algum (ou alguns) alimento (s) específico (s).
Pense em situações recentes nas
quais tenha ocorrido o seguinte:
- Você ficou sem comer por muito
tempo e se sentiu bastante faminto. Aquela sensação de vazio e freqüentemente
acompanhada de ruídos no estômago era fome.
- Você comeu uma boa refeição,
sentiu que seu estômago estava cheio e ainda quis comer mais. Isto era vontade.
- Você sentiu uma urgência muito forte em comer, que veio
acompanhada de tensão e uma desagradável sensação na boca, garganta e corpo.
Isso era desejo.
Para observar melhor essas sensações, observe o que você
sente antes, durante e depois de comer:
Ø
Antes
de se sentar para fazer cada lanche ou refeição, observe as sensações em seu
estômago.
Ø
No
meio da refeição, considere com atenção as sensações em seu estômago.
Ø
Classifique
novamente sua fome quando acabar de comer:
- Você ainda quer comer mais? Percebe
uma sensação física em seu estômago?
- Ela se localiza mais em sua boca ou
garganta? Com o quê ela se parece?
- Você quer comer algum alimento
específico (o que significa que você está com vontade ou desejo intenso) ou
qualquer comida (o que provavelmente significa que você ainda está com fome)?
Ø
Descreva
sensações físicas 20 minutos após acabar de comer.
Lembre-se de que entre 20 minutos e 3
horas depois de ter feito uma boa refeição, qualquer urgência de comer
novamente será provavelmente devido ao desejo de comer e não à fome.
Quando você já estiver treinado em
identificar a diferença entre fome, vontade e desejo incontrolável de comer,
você terá o desafio de comer apenas quando estiver com a verdadeira fome. O desejo incontrolável de comer normalmente tem seu ponto alto durante
as primeiras semanas da dieta. Na medida em que você restringe ou para de comer
alimentos que lhe causam desejo, (normalmente fastfood, doces, salgadinhos,
refrigerantes e similares), seus desejos por esses alimentos vão diminuindo de
maneira significativa. Adiar a satisfação de um desejo por um alimento aumenta
sua capacidade de tolerá-lo e aumenta também sua autoconfiança de que você
consegue suportar este desejo . Quanto mais você retarda a satisfação de um
desejo, menos intenso e freqüente ele será no futuro.
Estratégias para controlar o desejo de
comer:
-
Imagine o resultado de ceder. Vá em frente e pense em comer aquilo que
está provocando esse desejo. Imagine esse alimento em sua boca. Quantos segundos você levou para comer? Por
quanto tempo sentiu prazer? Agora visualize o resto do cenário: imagine-se chateado,
desistindo e comendo cada vez mais, sentindo-se cada vez pior. Está se sentindo
pesado, deprimido? Quando começar a se entristecer com estas imagens, lembre-se
quantas vezes desistiu antes, quantas vezes prometeu que não faria mais isso.
Agora que já viu o cenário todo, o que lhe parece melhor: comer ou não comer?
-
- Fique
longe do alimento que lhe provoca desejo. Quando a visão ou o cheiro de um
alimento desperta o desejo de consumi-lo, você pode guardá-lo onde não possa
vê-lo ou se livrar dele (dar para alguém, jogar no lixo). Se não for possível
tirar o alimento de sua frente, então saia você da frente dele, vá para outro
aposento.
- Beba
um líquido com pouca ou nenhuma caloria. A sede pode parecer fome e te induzir a
comer. Pense em tomar água com limão, sucos diluídos (se seu programa alimentar
permitir), ou outra bebida de baixa caloria.
Para sua reprogramação mental neste
treino, persista em dizer para você mesmo as seguintes frases:
“Bom, acabei de comer uma refeição
planejada e ainda estou com fome. Mas, tudo bem, deve levar ainda uns 20
minutos para meu cérebro enviar para meu corpo a mensagem de que estou
satisfeito. Vou esperar para ver como me sinto após 20 minutos.”
“Eu sei que estou com fome, mas vou
comer de novo dentro de algumas horas. Esta é uma chance de eu superar o desejo
incontrolável.”
Recomendo para você a leitura do livro “Pense Magro: a dieta
definitiva de Beck”, de Judith S. Beck.