A realidade nem sempre é como a vemos. Você já deve ter passado
por uma situação em que interpretou a realidade de uma forma e, quando foi
pensar racionalmente, não era tão catastrófica como você pensou. Por exemplo:
“Terminar este relacionamento será a morte para mim” ou “eu não consigo viver
sem ele (ou ela)”; mas, analisando de uma forma mais racional, pense comigo:
você vai realmente morrer se terminar um relacionamento? Sua vida realmente
acaba quando você está longe da pessoa amada, ou você ainda tem outras coisas
na sua vida, como família, amigos, profissão e saúde? Bom, este é um dos muitos
exemplos das chamadas distorções
cognitivas, ou seja, são erros de pensamentos que você tem a respeito da
realidade e de si mesmo e, na maioria das vezes, são por causa destas
distorções que sofremos.
Para você compreender melhor, vou utilizar uma metáfora.
Imagine que você use óculos e as lentes dos seus óculos estejam embaçadas. Com
as lentes embaçadas você olha para uma árvore que, em realidade, é linda,
grande, com as folhas bem verdes e muitos belos frutos. Contudo, como suas
lentes estão embaçadas, como você vai enxergar essa árvore? Talvez você a verá
como opaca, sem graça, embaçada, sem vida. Mas a árvore não é assim, é você que
está vendo-a desta forma por causa das lentes embaçadas. Agora imagine que você
limpe as lentes dos seus óculos, os coloque e olhe para a mesma árvore. Ah, com
certeza você já terá outra visão! Você enxergará a árvore mais nitidamente,
bonita, do jeito que ela realmente é. A partir desta metáfora que eu gostaria
que você compreendesse as distorções cognitivas. Elas são suas lentes
embaçadas, te impedem de ver a realidade de uma forma racional, como ela
realmente é.
Citarei as distorções mais comuns, talvez você se
identifique com algumas:
Ø
Catastrofização: você prevê o futuro
negativamente, acreditando sempre que vai acontecer o pior e que será
insuportável, de forma que você não conseguirá lidar com a situação. Exemplos: “Se eu não for bem nesta apresentação, será o fim da minha carreira”, “meu filho ainda não chegou em casa, então ele deve ter sofrido um acidente ou até ter sido seqüestrado”;
Ø
Raciocínio emocional: você afirma que algo é
verdade simplesmente porque você “sente” que é, sem considerar provas concretas
a respeito da situação. Exemplos: “Eu
sinto que as pessoas não gostam de mim”, “sinto-me desesperado, então é
situação é realmente muito desesperadora”;
Ø
Filtro mental: você foca sua atenção em apenas
um detalhe de uma situação ampla, deixando de lado outros aspectos relevantes.
Normalmente você considera somente os aspectos negativos, ignorando os
positivos. Exemplos: “Por ter tido uma
nota baixa em minha avaliação de desempenho (sendo que também haviam muitas
notas altas), significa meu trabalho é horrível”, “não estou conseguindo ter um
desempenho bom no trabalho, então minha vida não vale nada, ela é um horror (sendo
que também tem uma excelente vida familiar, bons relacionamentos, boa saúde,
boa índole, bons momentos de lazer)”;
Ø
Leitura mental: é como se você avinhasse o que
os outros estão pensando, sem ter nenhuma evidência para isto. Exemplos: “ela está entediada de conversar comigo”;
“ele acha que não sou adequada”;
Ø
Generalização: você tira uma conclusão geral
através de um evento ou característica específica, ampliando para todas as
situações. Exemplos: “nenhuma menina vai
querer namorar comigo” (só porque levou um ‘fora’ uma vez); “nenhum homem vale
nada” (pelo fato de ter tido uma experiência ruim com um homem);
Ø
Adivinhação: você “prevê” o futuro de uma forma
negativa, considerando suas expectativas como fatos. Antecipa problemas que
talvez nem venham a existir. Exemplos: “Meu
projeto não será aprovado”, “Não me divertirei nesta viagem”.
Estas são algumas das distorções
que comumente podem surgir em nossa mente. O desafio é você perceber que estas
distorções estão presentes e reinterpretá-las de uma forma racional. No exemplo
acima da distorção leitura mental, o
pensamento “ela está entediada de conversar comigo” é tomado como verdade e a
pessoa já fica triste, imaginando que a outra está realmente entediada e não
quer conversar com ela, sendo que ela não tem certeza de que isto é verdade.
Compreendeu como esse pensamento distorcido gerou uma emoção negativa? Tente
fazer este mesmo raciocínio com os outros pensamentos citados no exemplo acima.
E ainda, quando você ficar triste, com raiva, com medo ou outras emoções diante
de uma situação específica, verifique que tipo de pensamento pode estar
passando pela sua cabeça e se o mesmo não seria uma distorção e, se for,
analise ele de uma forma mais racional e sensata. Com certeza isto lhe ajudará
a diminuir o seu sofrimento.
Espero que você tenha
compreendido e tente identificar e reinterpretar os seus pensamentos, isso lhe
ajudará bastante!